terça-feira, 23 de junho de 2015

A trajetória de uma Cultura: Euskera Batua. (por Teresinha Elichirigoity)

A TRAJETÓRIA DE UMA CULTURA: EUSKERA BATUA (por Teresinha Elichirigoity)


Uma proposta inusitada: Izaskun Kortazar, professora de Euskera, natural de Bilbao (Biskaia), mas trabalhando há doze anos em Boise – Idaho, onde se situa a maior colônia basca dos Estados Unidos da America,  visitaria Pelotas, para ministrar noções da língua basca, evento programado pela Casa Basca do Rio Grande do Sul. Não poderia perder essa oportunidade de conhecer algo sobre essa língua tão desconhecida para mim, além de poder ouvir sobre a cultura atual da região dos meus antepassados.
Até agora, a língua basca, comprovadamente, é o único idioma sobrevivente pré-indo-europeu. Sua referência mais remota confunde-se com a das línguas paleo-hispânicas, como a ibérica e a tartéssica. Sabia que a língua basca também tinha sido proibida várias vezes, ao longo da historia, por motivos políticos e invasões. Como essa língua teria resistido? Como se caracteriza? Quem realmente a está falando agora? E cheia de conjecturas, cheguei ao primeiro dos nossos três encontros com Izaskun.
Encontrei uma jovem professora, simples, simpática, objetiva, atenta, disponível e muito bem informada. Segundo ela, em Euskal Herria  há por volta de 3 milhões de habitantes com uns 800.000 falantes de euskera. Em Guipuskoa, 50% dos habitantes falam a língua basca. Falamos sobre o Eusko Jaurlaritza (Governo Basco), o estatuto de Guernica de 1979 (que dá direitos especiais aos bascos); sobre aspectos geográficos das regiões como o deserto de Las Bardenas de Nafarroe, por exemplo, e aspectos econômicos, como a  organização da Mondragón (maior cooperativa do mundo); sobre os esportes característicos como a Pelota basca, vultos bascos de relevo internacional, culinária, filmes, músicas e sites referentes à cultura basca.
No entremeio das informações culturais, o foco era a língua. Soubemos que há cinco dialetos identificados inicialmente por Luis Luciano Bonaparte. Mas a partir de 1968 criou-se uma versão unificada do basco chamada euskera batua que se baseia principalmente no dialeto central ou guipuscoano, usado nos meios de comunicação, educação e literatura. E assim fomos aos poucos, de uma maneira interessante e repleta de comentários bem humorados, introduzidos no caminho dessa língua com características tão diferentes do português. Os artigos, por exemplo, aparecem compondo os nomes no seu final. Assim como as preposições. Não há variação de gênero. A letra “k”marca o plural de substantivos e adjetivos entre outras possibilidades, dependendo da função da palavra no sintagma. É um sistema que não repete as marcas nos sintagmas, como o português com sua concordância de número. Até ensaiamos pequenos diálogos!!
Acredito que esse encontro com a cultura basca, embora rápido, tenha sido muito enriquecedor para todo o grupo que participou, tendo em vista as inúmeras possibilidades de informação, contatos e estudos que sugeriu e proporcionou. E, ao término das aulas, com entusiasmo, nos despedimos e confraternizamos da melhor maneira - em volta da mesa.
 Askerrik asko! Aster arte!

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