terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Arroio Grande e os Sallaberry



Segundo a wikipedia, “Arroio Grande é um município gaúcho localizado na microrregião de Jaguarão, Rio Grande do Sul. Sua população em 2012 foi estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 18.368 habitantes, distribuídos em 2.518 km² de área”. Foi nesta marcante cidade da região fronteiriça – Arroio Grande está centrada há poucos minutos de distância da fronteira com o Uruguai – que fui convidada a comparecer numa festa de família, o Primeiro Encontro da Família Sallaberry. Confesso que fui preparada para uma festa com algo menos de cem pessoas, e tinha absoluta certeza de ter entendido mal quando a principal organizadora do evento, Solani Pereira Rodrigues, havia previsto participação de umas 400 pessoas. Pois lá cheguei, acompanhada de mais um integrante do núcleo pelotense da Casa Basca do RGS, ambos procurando o CTG (Centro de Tradições Gaúchas) da cidade, local onde estaria sendo realizada a festividade. Ao nos aproximarmos, já de cara tivemos dificuldade em encontrar lugar livre para estacionar. Logo em seguida, fila para ingressar no local e a feliz constatação de que, sim, a organização tinha sido bem sucedida: umas 300 pessoas, pelo menos, lotavam o salão do CGT de Arroio Grande para o encontro da família Sallaberry. Para receber os convidados o ambiente havia sido decorado com acervos familiares: fotografias, uma especial balança comercial muito antiga, com aqueles pesos de ferro que eu ainda lembro da remota infância nos armazéns de campanha, armas brancas pertencentes aos ancestrais, mais fotos, trabalhos manuais apresentados por diversas matriarcas das diversas linhagens, entre outros preciosos objetos. Mas o elemento mais especial da chegada era, sem medo de errar, a foto da árvore genealógica com os galhos principais que ali se faziam representar pelos diversos grupos. Posso dizer que naquele momento eu me sentia uma Sallaberry. E fui recebida como tal. Várias vezes fui perguntada de quem eu era filha e a qual ramo da família eu pertencia. Devo confessar que quase fui impelida a quebrar a tão decantada “palavra de basca” e afirmar que era uma prima qualquer, tamanho o grau de afeto e de integração. Me limitei a dizer que não era Sallaberry e, sim, uma Etchalus, uma prima basca não muito bem compreendida pela maioria, quero crer. A celebração festiva teve manifestações emocionadas, mostra de muitas imagens da família através dos anos, instruções sobre utilização do sistema de genealogia organizado por Solani, comida carinhosamente preparada, garrafinhas enfeitadas com flores e com o selo da família como centro de mesa, animação musical preparada por um honrado membro da família, o que culminou com um baile que seguiu pela tarde ensolarada do domingo arroio-grandense. A festa dos Sallabery, ou melhor, o Primeiro Encontro Sallabery, foi um tremendo sucesso, não somente por ter unido tantas pessoas de uma mesma origem, de o evento ter sido transmitido ao vivo pela rádio local, senão pelo fato muito simples de estarem ali cultuando um passado para, através dele, reafirmarem seu presente e sedimentarem um futuro. Os Sallaberry, guiados pela mão incansável de sua sorgiña Solani ( uma bruxa basca cujo nome deriva da força solar), celebraram a vida em seu ciclo eterno. A família recuperou sua origem troncal, permitindo que sua gente pessoas reafirmasse a certeza do pertencimento, tivesse a compreensão, às vezes apenas sentida, de que todos são feitos, sim, de elos infinitos, alguns invisíveis, outros marcados em algum rastro físico de semelhança. Mas pouco importa, ou importava, naquele momento, essas despretensiosas observações filosóficas. A celebração seguiu pela tarde ensolarada no ritmo da música familiar e regida pelos elos ancestrais. Um festa inesquecível! Zorionak, família Sallaberry!!!
Ana Luiza Panyagua Etchalus Dezembro de 2013.



























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