A
TRAJETÓRIA DE UMA CULTURA: EUSKERA BATUA (por Teresinha Elichirigoity)
Uma
proposta inusitada: Izaskun Kortazar, professora de Euskera, natural de Bilbao
(Biskaia), mas trabalhando há doze anos em Boise – Idaho, onde se situa a maior
colônia basca dos Estados Unidos da America,
visitaria Pelotas, para ministrar noções da língua basca, evento
programado pela Casa Basca do Rio Grande do Sul. Não poderia perder essa
oportunidade de conhecer algo sobre essa língua tão desconhecida para mim, além
de poder ouvir sobre a cultura atual da região dos meus antepassados.
Até
agora, a língua basca, comprovadamente, é o único idioma sobrevivente
pré-indo-europeu. Sua referência mais remota confunde-se com a das línguas
paleo-hispânicas, como a ibérica e a tartéssica. Sabia que a língua basca também
tinha sido proibida várias vezes, ao longo da historia, por motivos políticos e
invasões. Como essa língua teria resistido? Como se caracteriza? Quem realmente
a está falando agora? E cheia de conjecturas, cheguei ao primeiro dos nossos
três encontros com Izaskun.
Encontrei
uma jovem professora, simples, simpática, objetiva, atenta, disponível e muito
bem informada. Segundo ela, em Euskal Herria
há por volta de 3 milhões de habitantes com uns 800.000 falantes de
euskera. Em Guipuskoa, 50% dos habitantes falam a língua basca. Falamos sobre o Eusko Jaurlaritza
(Governo Basco), o estatuto de Guernica de 1979 (que dá direitos especiais aos
bascos); sobre aspectos geográficos das regiões como o deserto de Las Bardenas
de Nafarroe, por exemplo, e aspectos econômicos, como a organização da Mondragón (maior cooperativa do
mundo); sobre os esportes característicos como a Pelota basca, vultos bascos de
relevo internacional, culinária, filmes, músicas e sites referentes à cultura
basca.
No
entremeio das informações culturais, o foco era a língua. Soubemos que há cinco
dialetos identificados inicialmente por Luis Luciano Bonaparte. Mas a partir de
1968 criou-se uma versão unificada do basco chamada euskera batua que se baseia
principalmente no dialeto central ou guipuscoano, usado nos meios de
comunicação, educação e literatura. E assim fomos aos poucos, de uma maneira
interessante e repleta de comentários bem humorados, introduzidos no caminho
dessa língua com características tão diferentes do português. Os artigos, por
exemplo, aparecem compondo os nomes no seu final. Assim como as preposições.
Não há variação de gênero. A letra “k”marca o plural de substantivos e
adjetivos entre outras possibilidades, dependendo da função da palavra no
sintagma. É um sistema que não repete as marcas nos sintagmas, como o português
com sua concordância de número. Até ensaiamos pequenos diálogos!!
Acredito
que esse encontro com a cultura basca, embora rápido, tenha sido muito
enriquecedor para todo o grupo que participou, tendo em vista as inúmeras
possibilidades de informação, contatos e estudos que sugeriu e proporcionou. E,
ao término das aulas, com entusiasmo, nos despedimos e confraternizamos da
melhor maneira - em volta da mesa.
Askerrik asko! Aster arte!