quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Prefeito de Pelotas recebe Delegação do Governo Basco e Bilbao Metropoli 30

fotos: Eduardo Beleske

No último dia 10 de outubro, a Delegada do Governo de Euskadi no Mercosul, Sara Pagola, e o Sr. Alfonso Martinez Searra, Diretor da Associação Bilbao Metropoli 30http://www.bm30.eus/ foram recebidos pelo prefeito da cidade de Pelotas, Eduardo Leite e seus secretários. Na ocasião os convidados palestraram, respectivamente,  sobre a situação econômica de Euskadi e sobre a recuperação e modernização da cidade de Bilbao, palestras direcionadas especialmente aos gestores municipais. Também participou do evento o arquiteto e politico uruguaio Mariano Arana. Estiveram presentes vários integrantes do núcleo pelotense da Casa Basca do RGS, entidade que intermediou a aproximação institucional: Ricardo Irigon Vinhas, Vera Lúcia Sallaberry, Elimar de Castro Insaurriaga, Eduardo Faria Insaurriaga, Ciloter e Fabrício Iribarrem, Lourdes Etcheverry, Pedro Sorondo, Solani Pereira Rodrigues, Mariê Insaurriaga, entre outros.

Ana Luiza Panyagua Etchalus
Presidente da Casa Basca do Rio Grande do Sul
www.casabascars.org
fotos: Eduardo Beleske


Galeria de Fotos na Pagina da Euskal Etxea RS, no facebook: 

Prefeito de Pelotas, Eduardo Leite e Delegada do Governo de Euskadi, Sra. Sara Pagola (foto: Eduardo Beleske)

Foto: Eduardo Beleske

Foto: Eduardo Beleske

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Encontro de Bascos da Fronteira, em Santana do Livramento


Na última sexta-feira, 4 de outubro a Casa Basca do Rio Grande do Sul  foi recebida pelos bascos fronteiriços, no 1º Encontro de Bascos da Fronteira.  
Organizada por Claudio Martin Damboriarena, Maria Luisa de Leonardis e Célia Luisa Arteche Escosteguy, a noite teve degustação de vinhos da fronteira harmonizados com os pintxos especialmente preparados pelo Chef Donostiarra Haritz Aranburu. Antes dos coquetel os presentes puderam expressar e ouvir diversas manifestações, desde a apresentação  de um trabalho de recuperação genealógica da família Damboriarena;  passando pela emocionante leitura de uma homenagem  à família Lejarcegui feita pelo Governo Basco; bem como pela apresentação do projeto do livro “O Último Saladero”, de autoria de Diego Irigoyen Pereira. O núcleo basco da fronteira formado por brasileiros e uruguaios, com apoio da Casa Basca do RGS, pretende dar início a diversos projetos culturais de integração, sempre preservando as características marcantes da maravilhosa Fronteira da Paz. 
A Casa Basca do RGS agradece o convite e parabeniza todos os envolvidos.

Ana Luiza Panyagua Etchalus
Presidente da Euskal Etxea do Rio Grande do Sul (Casa Basca RGS)


Ver Galeria de Fotos no Facebook: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.525679294183690.1073741831.335576156527339&type=1&l=37438f884f

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Prefeitura de Pelotas recebe Delegação do Governo de Euskadi





O Prefeito de Pelotas, Eduardo Figueiredo Leite, em meio à  realização da 87ª Expofeira organizada e promovida pela Associação Rural da cidade,  receberá no próximo dia 10 de outubro, no Salão Nobre da Prefeitura, às 14:30 horas, a Delegada do  Governo de Euskadi no Mercosul, Sra. Sara Pagola e o Diretor da Associação Bilbao Metropoli-30. Ambos farão palestras enfocando as experiências bascas de desenvolvimento e transformação urbana. O evento é aberto ao público e conta com o apoio da Casa Basca do RGS. “

 Ana Luiza Panyagua Etchalus
Presidente Euskal Etxea Rio Grande do Sul



terça-feira, 1 de outubro de 2013

Crônica da Fronteira (por Cláudia Paixão Etchepare)

                                                                                   
    
                                                                                 APRESENTAÇÃO
Maria Claudia Paixão Etchepare, Diretora Social da Casa Basca do RGS,  é  professora de inglês há mais de 30 anos. Casada com o inseparável Luis Antonio Senger, o L.A., e mãe de Carolina Etchepare Guindani,  Claudia, como é chamada, demonstra seu  amor à cultura e às letras,  não somente promovendo encontros culturais em idioma saxão no Clube de Inglês mantido para alunos executivos,  como também participando de oficinas literárias( já teve três contos publicados no livro Contos Contemporâneos da Oficina de Criação Literária de Alcy Cheuiche). E afinal, o amor à arte e à literatura não emerge somente do lado basco (anoto que , a primeira obra de Literatura Basca de que se tem notícia foi escrito por um Etxepare- Bernard Etxepare- , em 1545, sob o título Linguae Vasconum Primitiae),  mas sendo sobrinha do renomado Paixão Cortes, a cultura sempre teve lugar de destaque em sua formação e de sua família. Depois de alguns anos de afastamento, Claudia retornou recentemente à amada terra natal, Santana do Livramento,  decidindo expressar suas  emoções em uma linda crônica, produto de muito talento e sensibilidade. Para nosso deleite, Claudia Etchepare permitiu que sua doce produção literária fosse compartilhada com os leitores do blog, especialmente com seus conterrâneos da Fronteira da Paz. Agradeço à nossa querida Diretora Social e amiga por este presente e parabenizo aos santanenses por mais um talento fronteiriço.

Ana Luiza Panyagua Etchalus
Presidente                                                                                                
Casa Basca do Rio Grande do Sul

Crônica da Frontera

por Claudia Paixão Etchepare

Cláudia Etchepare

















Ah, fronteiras! Dizem que são linhas divisórias onde acaba o conhecido e o desconhecido se apresenta, a ser desbravado. Há as imaginárias, as emocionais e as físicas. Tenho especial predileção pelas fronteiras geográficas, como rios, montanhas e desertos. Elas nos dão a condição ínfima do humano. Fronteira é terra sem dono, zona de desconforto. Ao cruzar a fronteira abrimos mão de nossa soberania e corremos risco de ter nossas crenças subvertidas e nossas verdades postas à prova.

Partimos eu, meu marido, minha filha e minha tia-anjo-mãe prontos para desbravar la más hermana de todas las fronteras del mundo. Era um dia iluminado de outono. Três diferentes gerações, nascidas nas décadas de 20, 50 e 80, compartilhavam o espaço do carro e a promessa de bons momentos. Santana do Livramento, onde nasci e vivi até os meus seis anos de idade, era o nosso destino. A integrante nonagenária da troupe garantia o testemunho das histórias de quem viveu o dia a dia da terra.  Um par de mudas de roupa e itens básicos jogados apressadamente nas malas englobavam todas as nossas posses naquele momento. A totalidade de nossa rede social reduzia-se a três companheiros de viagem e a estrada, a única opção de caminho. Como diz o vocalista da banda Eagles, this could be heaven, this could be hell...
Na estrada, do lado direito, coxilhas suaves tingidas de diferentes matizes de verde e extensões de rara amplitude para os olhos citadinos. Vacas, mais vacas. Do lado esquerdo, a mesma coisa. Olha aquela vaca ali, parece ser prima daquela que vimos mais atrás - diz o meu espirituoso marido,  e nos faz explodir em risada, tomados pelo relaxamento compulsório que a estrada impõe. O aroma adstringente das bergamotas, que saboreávamos para ajudar a passar o tempo,  disfarçava o cheiro de zurrilho em certos trechos da estrada. Lá fora, cercas sobem e descem acompanhando obedientemente as linhas do relevo. Capões, feito tufos rebeldes, salpicam o campo enquanto retalhos simétricos de reflorestamento de acácias beiram a estrada. Silos metálicos cortam a mesmice bucólica do pampa. Imponentes representantes da economia do estado. Quando eu viajava com frequência à Punta del Este pintei muitas aquarelas, impactada pelas imagens do percurso. E lá estavam as minhas aquarelas sendo reproduzidas em série, ao longo da estrada, como o quadro a quadro dos rolos de filmes da era pré-digital. Casinhas de joão-de-barro empoleiradas nos postes. Passarinhos pousados em linha nos fios da rede elétrica. O amarelo ouro das plantações. Verdadeiras cópias de minhas obras. Será que isto não seria um autoelogio?

Santana do Livramento tem uma fronteira sui generis que vive há muito inserida no conceito moderno de comunidades colaborativas e interativas. É uma fronteira de mescla, de soma. Lá, o simples cruzar de uma avenida determina a mudança de nacionalidade da terra Brasil para a terra Uruguai. E nada muda.Tudo se funde.
Chegamos em Santana do Livramento exalando pampa pelos poros. Os fatos que se sucederam nos dois dias e duas noites que passamos na minha terra natal, os tenho registrados como flashes fotográficos. Visitam-me à revelia. Inquietam-me com o suave bater de asas de borboletas em minhas entranhas.
Parrilla. Alfajores. Comfort food para alguém criado com hábitos fronteiriços. Nosso charmoso hotel boutique em Livramento, instalado em um prédio histórico restaurado. Acolheu originalmente uma prisão, explica a esclarecida dona enquanto nos recebe para um simpático brinde de boas vindas. Mais parrilla. Cerveza Norteña. Algumas comprinhas no free shop da Avenida Sarandi em Rivera. Dulce de leche. Milhojas fresquinhas na confitería. Um encontro enriquecedor com uma mulher culta, bela e forte, cuja avó era irmã da minha avó. Ela vive em uma casa suntuosa estilo neo-clássico alheia ao caos do comércio e da arquitetura desfigurada das ruas que sobem e descem o centro de Livramento.   Conversa caudalosa e calorosa, regada a vinho local. Identificação mágica. Eskerrik asko, meu conterrâneo e basco-descendente, assim como eu, por este contato precioso.  Mais compras: vinho tannat para compor a adega de inverno e galletas. Fazer uma fezinha, tentar la suerte no cassino. Negro el ocho! No vá más! Minha filha estava com a mão encantada. Emoção. A casa onde nasci. Pelas mãos de Dona Luizinha, a parteira. Cinza chumbo, porta muito alta trabalhada com entalhes em madeira e um robusto trinco de bronze. Arquitetura clássica da região. Frações de memórias repicam ao som dos meus passos pelas ruas da cidade. A cidade ganha uma nova dimensão à luz de meu amadurecer. O olhar do homem de sobrancelhas grossas e pele cor de oliva lembra os ares do meu pai. Ao cruzar a avenida, a imagem da mulher de traços nobres e trajar elegante me enche de saudade da beleza de minha mãe. Um brinde para celebrar o sucesso de nossa excursão e incursão ao passado. Missão cumprida, com tudo que tínhamos direito. Matambre delicioso e incrivelmente macio. Chajá. Un té, por favor, para ajudar a digestão. Pena que não pudemos visitar o Clube Campestre porque chovia.

Os dois países invadem- se carinhosamente. O português e o espanhol são intercambiados com naturalidade ou se mesclam deliciosamente. O fluido trânsito social e comercial entre eles incorpora grandezas que vão além da boa vizinhança. Os traços físicos, a maneira de se vestir, o hábito de tomar mate e o gosto pelo assado fundem-se em um só homem, o gaúcho fronteiriço ou gaucho. Um verdadeiro precursor do conceito atual do homem global. Ok, Ok.
Talvez esteja me deixando levar pela emoção.

Voltamos pela mesma estrada. Do lado esquerdo, ganado Angus, Hereford, Holandês, verde em profusão e em diferentes tons, e do lado direito... Bem, eu já contei.  Só que, no percurso de volta, a imensidão da paisagem não mais se exibia distante, pelo lado de fora. Estava dentro de mim.

 Ah, fronteiras!